O Dia do Perdão

Talvez ainda seja cedo

Para as decisôes mais graves,

Para os olhares profundos,

Para se definirem paixões e destinos.

Bom mesmo é viver por acaso e,

Sem a gravidade dos reis e dos poetas,

Colher a palavra maneira,

Lançada no voo das garças;

Compor uma canção de repente,

Delirar de lirismo,

Anoitecer na pedra sob a lua.

Basta.

Ao menos agora,

Sejamos fugazes, felizes,

Ainda que nos reconheçamos ficção, filme ou sonho.

Em meu silêncio,

Procurei compreender as rimas dos Paralamas,

A pedra de Drummond,

Os enigmas de Proust,

A paciência que Deus tem com os homens

E com as coisas tão diversas deste mundo.

Mas hoje,

Só nos interessam os disse-me-disse,

As ruas e suas casas aparentes,

Pois há um CD melodiando a mesma música de ontem,

Que hoje é bom repetir,

repetir,

repetir...

Depois, somente depois, vou criar um aconchego na alma.

Afinal, talvez seja hoje o dia do perdão.

Flávia Melo
Enviado por Flávia Melo em 26/01/2009
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