O Dia do Perdão
Talvez ainda seja cedo
Para as decisôes mais graves,
Para os olhares profundos,
Para se definirem paixões e destinos.
Bom mesmo é viver por acaso e,
Sem a gravidade dos reis e dos poetas,
Colher a palavra maneira,
Lançada no voo das garças;
Compor uma canção de repente,
Delirar de lirismo,
Anoitecer na pedra sob a lua.
Basta.
Ao menos agora,
Sejamos fugazes, felizes,
Ainda que nos reconheçamos ficção, filme ou sonho.
Em meu silêncio,
Procurei compreender as rimas dos Paralamas,
A pedra de Drummond,
Os enigmas de Proust,
A paciência que Deus tem com os homens
E com as coisas tão diversas deste mundo.
Mas hoje,
Só nos interessam os disse-me-disse,
As ruas e suas casas aparentes,
Pois há um CD melodiando a mesma música de ontem,
Que hoje é bom repetir,
repetir,
repetir...
Depois, somente depois, vou criar um aconchego na alma.
Afinal, talvez seja hoje o dia do perdão.