A DOR E O TEMPO
A DOR E O TEMPO
Juliana S. Valis
Olhando a História do mundo, um dia, a Dor disse ao Tempo:
Você me deve, no mínimo, dois trilhões de sorrisos,
Acrescidos de juros em momentos precisos
E de correção na moeda do melhor sentimento !
O Tempo, assim mesmo, fingiu não ouvir
A Dor que reclamava sempre aos quatro ventos,
E disfarçou-se de enigma, correndo daqui,
Enquanto as cédulas giravam tantos vãos pensamentos...
A Dor, entretanto, continuou procurando o tempo
Para discutir sobre a paz, a felicidade e a vida,
Há tantos séculos e séculos que ainda assobia este vento
Da Justiça, a contento, que procura saída !
E na loucura dos ditadores, dos governantes, ou reis
Que passaram pelos anos concedendo nada ou o mínimo ao povo,
A Dor cresceu, com vigor, e procurou o Tempo outra vez
Para acertar as contas da humanidade, de novo...
Mas o Tempo sempre esteve à frente da Dor,
Enquanto ele passa, ela procura tratamentos
Para a cura de tudo, mas não será o amor
O indelével escudo contra alguns sentimentos ?
Se os ventos mostrassem a história que o Tempo deixou,
Talvez a Dor do mundo não andasse em passos repetidos e lentos.