Nós

Não somos Tágides -

Somos fêmeas.

Nem ávidas, nem pequenas,

Irresistivelmente humana somos.

Não vivemos em bosques perdidos,

Mas inventamos o sonhar.

Sangramos sem ferida: vida.

Em nossos braços

Repousam todos os cansaços.

As dores morrem

Em nosso afago.

Brincamos com a eternidade porque parimos:

Aí o tempo não nos magoa mais.

Repetimo-nos e repetimo-nos

Sempre abrindo portas

Ao silêncio,

à faina,

à dor,

à festa.

No horizonte, habitam os nossos limites,

Mas só quem tem doçura nos olhos

Consagra a nossa presença.

Flávia Melo
Enviado por Flávia Melo em 21/01/2009
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