Tesouros

Não folgues em pensar

que toda fortuna

Encontre definição

em alguma preciosidade

E resplandeça no brilho

de um nobre metal

Não te curves ao valor

da moeda cunhada

Mais riquezas

despistam o encanto

do absoluto

Vão buscar nos mistérios

umas outras relíquias

Garimpando pepitas

aos olhos que querem ver

E que também clamam

Por ser vistos

de outro ângulo ...

Buscas tantos tesouros

e cavas tantos buracos

Covas na areia

e muitas valas abertas nas almas

Quantas delas se fecham vazias ?

ou se esvaziam ?

E a fortuna qual corpo

sem forma

até se deforma ...

Ganha ares de miséria

quando se vai um amor

Ou no relógio que se apaga

para o melhor amigo

Por isso é que torna-se tão difícil

ter os tesouros

Não é por outra razão

que a riqueza é metabólica

Ausente o equilíbrio

a balança logo delata

... e dilata

Segue, portanto,

uma prática

comum a todo pobre

Aprende a contar

e a guardar

todos teus tesouros

Sobretudo a sutil riqueza

que não cunha moeda

E não cabe dentro d´um baú

que aceita o esquecimento