O FIM DO DIA TUPINIQUIM
As palavras não saem
Os punhos se fecham
A mente se comprime
Trancando as idéias
Em um cadeado
Cuja chave esta petrificada em meu coração
O mundo em um segundo
Gira num silencio profundo
Revelando-me todas as imagens
E sentimentos que num momento
De puro medo trancafiei
Nas profundezas mais temerosas e
Assombrosas que minha mente podia suportar
Neste momento os olhos
Não mais conseguem repassar
Ao cérebro o que é real
E o que era imaginário
Fazendo-me delirar
Um feixe de luz de maneira repentina
Atravessa meus olhos, clareando
Um pouco minhas idéias
Apartir daí reajo
E o que antes era escuridão
Transforma-se em gestos e palavras
Sem concatenar, as palavras vão saindo
Perco as rédeas do limitado
Frases são formadas
Sentimentos são mostrados
Em sua forma lapidada, porém pouco utilizada
O coração aos poucos vai eclodindo
O sangue passa a fluir de forma desigual
Tornando o momento ainda mais irreal
Aos poucos a chave que fecha o cadeado
Vai surgindo
Chega o tão esperado momento
O cadeado agora aberto
Caí ao chão, quebrando-se
As palavras então guardadas
Começam a florar
Impacientemente, porém consciente
Despejo-as sem nenhuma ordem, nem sentido
Porém com muito poder de persuasão
Até que num momento de fraquejo
Calo-me
Olho ao meu redor
Nos olhos das pessoas
E como num ato de agonia
Sirvo-me de piedade, e procuro refugio
Mais neste momento
Nenhuma mão vejo estendida
Começo então a me contorcer internamente
Procurando o mais rapidamente
Um salvamento aparente
Caio no chão
Olho à minha frente
Vejo apensas meu coração
Que se vai para nunca mais
Voltar para mim.