Do poeta Morimbundo
Seria eu um tolo, ou demente?
OU tal, é a sanidade do louco
que não percebi.
Simplório a sim quem me dera,
quem me dera.
O confortante pensamento da
não culpa, me definiria frio.
E todo ponto de remorso diria:
Ali bati um coração.
Quem sabe.
Aquem ofuscar o odor
do morto? Ou talvez o
melhor é morrer também.
Mas concerteza isso é impossível.
Aliás quem dirá certeza de tal destino?
Sendo assim sinto-me
honrado, do espanto ao dizer,
que nada me dera,
tanto orgulho, é claro.
Estou falando da escrita.
Escrever poemas mórbidos
como o cadáver daquele,
pobre, se posso dizer.
Homem miserável, a quem
diria com prazer, obrigado.
Ou aquela senhora da qual,
um dia nascerá alguém
tão bondosa ou milagrosamente
tão desprovida do mal.
Seria um belo poema realmente.
Sim, São estou.
Falando deles, mas digo sobre mim também.
No qual estes pensamentos,
loucos, fluem com a clareza,
da visão de um cego.
Mesmo assim podem ser
sentidos, as vezes, digo quase sempre
na mais profunda das respirações.
Naquele coração clememte,
aos simples sentimentos, que tanto nos afetam.
Realmente existe algo de incrível
em tudo que rodeia, a vida e a morte.
O som e o silêncio.
Este momento e outro qualquer,
e ainda sim somos capazes de ignorar tudo.
AH! grandes tolos que somos
poetas tolos. E me definir assim
me faz poeta, pois tolo ja sou.
E por um segundo, o pobre coitado, enganador.
Enganador de si mesmo.
Com um belo fim diria eu.
Mas como permitir que esta verdade seja,
por assim dizer absorvida?
Claro a resposta esta no além, deste todo.
Que por sinal é um conforto saber,
que o além não me torna mais morimbundo que você.
Pois o fim realmente, não existe.