Da Janela Passam

Na janela de casa que dá pra rua,

se observam as pessoas a passar,

os carros a se cruzar,

os cachorros e seus donos,

os cachorros sem dono.

Passam os velhos e as moças,

as mães novas, os meninos de colo,

passam antes de bater o sinal da escola as crianças,

passam as costureiras e os executivos,

passam, passam, todos.

Da janela de dentro estou no meio fio do tempo,

passa uma menina apressada atraz dos livros pra aula,

passa uma criança encantada atraz da boneca,

passa uma quase moça no espelho,

passa um bebê no colo, passa o sono durante aula na faculdade.

Passa uma garota de bicicleta rosa e vestido vermelho,

passa uma jovem no canto, passam pegadas na praia.

Passam amigos, passam dias, passam caminhadas sozinha,

passam pinturas, passam filmes e poesias,

passam atores, passam amores.

Passam luas e vento, passam silêncios,

Passam risos, passam músicas e discos,

passam roupas novas e velhas, passam cabelos e penteados,

passa a moda, passam sonhos encantados.

Passa falta de grana, passam noites rolando na cama,

passam dias no computador, passam muitos pôr-do-sol,

passam fotografias e cartões, passam livros e sapatos,

passam comidas e pratos, passam anos.

Passam ao som de passar passos,

a alma é a mesma desde o primeiro dia.

21/12/2008

Alias
Enviado por Alias em 09/01/2009
Reeditado em 10/01/2009
Código do texto: T1376078
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