Arte Poética (Metalinguagem)
O poema deve ser palpável e revelador
Como uma maçã.
Natural como um velho anel no anular,
Modesto como uma pedra no quintal sob a janela
Onde o musgo já cresceu.
O poema está sempre pousado no tempo
Enquanto a lua se eleva
E deixa lembranças, como a natureza que libera,
Galho por galho, as sombras da noite emaranhadas nas árvores.
Compara-se também ao voo do pássaro que, atrás dos suspiros
de inverno,memória por memória, refaz o espírito.
Mas o poema é igual apenas a si mesmo:
Para toda história de mágoa,
É a porta vazia, ou a próxima esquina;
Para o amor, a paisagem de capim reclinado ao vento,
O horizonte,
Ou as luzes de um olhar.
O poema não significa nada. Ele é.
Nasce do mistério, assim como nasce a vida.