Quase
Eu não deixo de olhar as horas com medo
e ver os dias passarem desatentos
Estou com a mesma roupa, cara e cabelo
Minha voz é rouca de quem fala pouco
e os meus olhos seguem a linha do trem
O movimento, ora intenso
agora se acolhe num abrigo à chuva
Olho o céu com desejos sedentos
Olho ao meu redor com músculos tensos
(um vai-e-vem de pessoas
piso molhado,
um vento!
um cinza quadrado
um cachorro tremendo)
Eu olho o trem que vem vindo
E quase embarco
... o quase do medo...