Quase

Eu não deixo de olhar as horas com medo

e ver os dias passarem desatentos

Estou com a mesma roupa, cara e cabelo

Minha voz é rouca de quem fala pouco

e os meus olhos seguem a linha do trem

O movimento, ora intenso

agora se acolhe num abrigo à chuva

Olho o céu com desejos sedentos

Olho ao meu redor com músculos tensos

(um vai-e-vem de pessoas

piso molhado,

um vento!

um cinza quadrado

um cachorro tremendo)

Eu olho o trem que vem vindo

E quase embarco

... o quase do medo...

Laís Mussarra
Enviado por Laís Mussarra em 31/12/2008
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