SORTILÉGIO NÁUFRAGO
Por vezes
Quase verossimilmente infinitas,
Naufrago no mar onde se processa
A mágica digressão reflexiva.
Nestas ocasiões,
O magma das palavras,
Que me irrompem
Do ventre do vulcão das premissas,
Quando converge ao átrio da sua superfície
E desce-lhe a montanhosa ravina,
Reveste da piroclástica tinta
A celulósica derme albina.
No entanto, ele estaca:
A fluência perde o rumo,
Aborta a sua trajetória,
Esfria, vira água á maneira
Da compleição do gelo,
Aprisionando-se no indômito marmóreo iceberg que guarda
O labirinto do esquecimento.
Portanto, sou pouco,
Sou ar desfeito, rarefeito, safaroso:
Sou maninha pedra, sou vazio, sou escriba tosco.
Afinal, sou maresia: da poesia, verso trôpego!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA