O TEATRO DO VIL-METAL E A AURORA BOREAL
O TEATRO DO VIL-METAL E A AURORA BOREAL
A encenação da qual participamos
É impecável, plástica, diáfana, de brilho soberano
Quanto á fisiologia de sua hipnótica velhacaria:
Erige prisões compostas pelo cimento do sofisma
Onde são concebidas, lapidadas, polidas
As ignaras mentes cativas.
Enquanto esta áurea epifania
Floresce sobre as casamatas do meu cérebro,
Subjugando, de modo pleno,
O mar de meu córtex,
Exilado no intangível paraíso da sublime letargia daninha,
Contemplo uma miríade de cores infinitas,
Feericamente aprisionar
O airoso céu noturno
Da minha adorada Bahia!
Não, não posso crer:
A aurora boreal, nativa
Do ocidental hemisfério despótico da América,
Num crescendo veloz, voraz, celerado,
Harto, serelepe e altaneiro,
Me rapta célere, ligeiro,
Fazendo-me em seu garrido e labiríntico seio
Querer viver eternamente por inteiro.
No entanto o término da viagem assoma,
Embora, por estar ainda extático,
Eu sequer perceba.
Então, quando recobro a consciência,
Tenho a certeza de não ter sido miragem,
A insana verve a manipular-me a cabeça.
Não, a aurora boreal
Veio como um sinal:
Um sinal dizendo que,
Apesar de ser murro em ponta de facão,
Eu não esmoreça
Pois todo dia é uma nova via
Para se ter a chance
De se fazer nascer e rutilar
---- Eternamente ----
O magno girassol contido
No coração da solar centelha onipresente
E no da, ainda que sofrida presa inciente,
Alegre, etérea, impávida e laboriosa gente.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA