AMANHÃ NÃO PREVISTO
É vil esse ano rasteiro, deitado no travesseiro
Embolando o sono, para passar por inteiro.
Esse ano que vem e que vai nos carnavais,
Que assola o espírito de outros tantos marginais.
Essa grotesca e incompreensível impaciência,
Dias e dias o ano todo repassando a vida no final,
Pois é assim o dia de hoje regado à violência
Que de todo promete a uma paz com um tiro fatal.
Esses anos todos como criança que não cresce,
Que não se deixa brincar, chorar e não floresce.
Essa birra danada com amor quem vem da alma,
Essa arma forte, mas inofensiva construtora da vida
Esse leque de cordas e sua musica que acalma,
Que nos impinge uma fartura depois de muita lida.
Porque amor se luta para conquistar, laborar-se por ele
Amor e guerra se conjugam em topos opostos
Quer o homem ter tudo aquilo que tiver que ser dele
Desde que esteja o altar com seus dotes postos.
Esse vil ano rasteiro, deitado no nada de ontem,
Esperando passar hoje sem que tenha um amanha previsto.