A PROSPECÇÃO DA PAISAGEM

Quando deixamos de ser etérea manhã,

Ainda no átrio da estrada,

Tornamo-nos presa

Da fome precoce do inexorável ocaso:

A latitude do céu,

Que pensávamos infinita,

Revela-se cria de um universo volátil.

Ah, e o nosso mar nos mostra

A sua lídima índole:

A ferocidade do vórtice do ódio

Aflora-lhe do bojo,

Domando progressiva

E plenamente

Todo o seu aqualino corpo.

A terra,

Que compõe a nossa pele,

Liquefaz-se em córregos do pus

Incarcomível:

A chaga se transforma

Em um novo tegumento,

Agora, irremovível!

Então o que reina

É uma paisagem de água:

Empedernida, rocha insoçobrável,

Mármore entalhado no oceano da passional sáfara.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA