Ratos, Autômatos e Fantoches na Fantástica Fábrica
... O papel já é outro e o personagem
Morto!
Morto de morte morrida na ladeira
Do descaso comendo poeira
Do metal e do concreto dissolvido
Pelos fantoches nas ruas dos ratos
Tumba dos Ratos
Famintos e sedentos das vísceras...
Ratos!
Marionetes e autômatos
Sem carne, só osso
Expressão corriqueira do Personagem morto!
Na cena que se atropela
Em um Turbilhão de memória extática
A Peça do personagem solta pela Fantástica Fábrica
Morte!
Ratos que se dispersam procurando esgoto
Mau-cheiro e resto das vísceras
Dos Ratos que se interpelam
Morto!
Num Ato da Peça na Selva
O papel já é morto e o Personagem
Outro!
Novo!
Que se revolta com os Ratos e dispersa
Na Cena de descasos
De autômatos fracos que se renovam a cada novo movimento
Incessante tormento progressivo e geométrico
Na ladeira que descem ratos e sobem poeiras
Que se constrói das vísceras dos Ratos e os destrói
Por dentro do Caos citadino
Da Fantástica Farsa
Cheia de Peste que corrói e marca
Deixando fantasmas assombrarem
Como Ratos roedores de fígado
Inflamados com um espinho envenenado no meio das costas
De onde surge o Personagem Outro!
Novo!
Como liberto dançando em chão batido
Fazendo rimas e saindo do Limbo
Da Fantástica Fábrica de caça aos vivos
Ladeira acima
Deixando Ratos roedores do Tártaro
Nas Casas Fanáticas dos Fantoches
Que se lambuzam do sangue dos Ratos
Que sobrevivem do sangue sugado dos fantoches
Pobres!
Personagens nobre-escravos das vísceras dilaceradas
Pomposos abanando sua morte ao vento do fracasso
Levado pelo suor escorrido no asfalto
Pleno de Ratos...
O papel já é outro e o personagem
Novo!
Da novidade corriqueira e ultrapassada
Da vontade esmaecida e perdida nas calçadas
Empoeira-da Morte sugada pelos Ratos
Mortos!
Morto!
O personagem já é novo e o papel
Esbranquiçado pela relva de metal que resvala
No Céu encoberto da poeira movediça do concreto...
Papel na Grande Peça que se pode chamar Selva
Pode se chamar Morte
Composta de Ratos mortos e Fantoches
Que emergem e vislumbram esse Fantástico Nada!