O AMOR E A PROXIMIDADE
Não acredito nesses amores que afirmam respirar à distância;
Qualquer que seja a instância, penso que amar requer concretude;
Trata-se de inconteste atitude de um querer proximal e sem discrepâncias;
Senão as ânsias secarão o mar eterno com o aterro da finitude!
O amor é primo do tato, tal como o vinho enamora a requintada boca;
E a voz rouca do prazer apaixonado suplanta todos os frutos da saudade;
Porque a crua realidade revela outro desfecho para toda promessa solta;
Provando quão leviana e louca é toda relação órfã de proximidade!
Que se ressalte, entrementes, o tom relativista dessa tal presença;
Porque também existe ausência sem o físico afastamento;
Mas onde houver um verdadeiro sentimento, o grande apetite não fingirá sentença;
Sua chama é tão imensa que não será apagada pelos dilúvios do tempo!
Amor é coração sob fervura, bem crônico que em coma convalesce;
Sua subida jamais desce, suas ondas não seguem as ordens da maré;
Um desejo horas avante e outras em ré, tal como o tal fascínio que não prevalece;
É ilusão que nem se merece, algo qualquer que se queira, mas amor não é!