O AMOR E A PROXIMIDADE

Não acredito nesses amores que afirmam respirar à distância;

Qualquer que seja a instância, penso que amar requer concretude;

Trata-se de inconteste atitude de um querer proximal e sem discrepâncias;

Senão as ânsias secarão o mar eterno com o aterro da finitude!

O amor é primo do tato, tal como o vinho enamora a requintada boca;

E a voz rouca do prazer apaixonado suplanta todos os frutos da saudade;

Porque a crua realidade revela outro desfecho para toda promessa solta;

Provando quão leviana e louca é toda relação órfã de proximidade!

Que se ressalte, entrementes, o tom relativista dessa tal presença;

Porque também existe ausência sem o físico afastamento;

Mas onde houver um verdadeiro sentimento, o grande apetite não fingirá sentença;

Sua chama é tão imensa que não será apagada pelos dilúvios do tempo!

Amor é coração sob fervura, bem crônico que em coma convalesce;

Sua subida jamais desce, suas ondas não seguem as ordens da maré;

Um desejo horas avante e outras em ré, tal como o tal fascínio que não prevalece;

É ilusão que nem se merece, algo qualquer que se queira, mas amor não é!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 02/12/2008
Reeditado em 02/12/2008
Código do texto: T1314677
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