TEMPO E CONTRATEMPO
Não quero um amor tão certinho...
De horas, minutos e segundos traçados.
Quero-o sem limite, espaço e tempo...
Que seja fruto do instante e tresloucado.
Não quero ser refém da felicidade...
Nem tampouco da verdade, também.
Sem medida, carência e necessidade...
Só de um sentimento que me convém.
Refaço e faço o que por vezes pressinto...
Determino o que posso e passo a antever.
Não quero sorrisos, nem ocultar o que sinto,
Dos atos devassos eu gosto, e me dá prazer!
Sublinho e sublimo esta força da intenção...
Basta-me um fato e a sua incompletude.
Renuncio e anuncio que sou tal invenção...
Inércia imersa de uma visível plenitude.
Quero que teu corpo um dia me alcance...
E a tua feminilidade bata à minha porta.
Que o doce aroma me inebrie e encante...
Exorta a mente e meu coração conforta.
Não quero ciúme, queixumes e inocência...
Apenas o retrato da mesma docilidade.
Não sou o expoente da lúcida demência...
Que flexível se reflete pela intensidade.
Pirapora/MG, 02 de dezembro de 2008.