Sincronia

A noite despertou

Trouxe em mim um desejo de ser, de ter, de viver

Viver cada momento, sorvendo o cálice do inesperado;

Talvez a tenha caído uma sementinha

Em um solo que parecia tão maltratado,

Tão vadio, tão fadado,

Tão cansado.

Quem diria

Que o orvalho da manhã cairia?

Que aquela criança sorriria?

Que a brisa chegaria?

Que o anjo ouviria?

Que a música tocaria?

Que o brilho lançado no olhar,

Depois de uma eternidade não morreria?

Mas arderia...

E, como em resposta,

Um sorriso surgiria,

Uma flor se abriria.

E o aroma... Ah... Esse lembraria...

O cheiro de chuva de verão,

de neném,

de cama limpinha,

do perfume do amado.

Cheiro de banho tomado,

Cheiro de água de coco na praia,

Ou caldo de cana gelado.

Traria à lembrança

a tarde de sol,

o beijo apaixonado,

...inconseqüente, amado...

O riso sem porquê,

a lambida inesperada do cachorro com saudade,

A brincadeira de pega-pega, de roda..,

O abraço apertado de amigo querido...

A lágrima de alegria,

A felicidade...

A realização

do sonho conquistado, do sucesso almejado.

Olhos se cruzam...

Almas se tocam...

E se amam...

Sentimento de completo, de plenitude, de recomeço, de amor...

De amor...

De amor...

“Agora, pois, permanecem...

... a fé,

... a esperança,

... e o amor.

mas o maior destes, sem dúvida, é o amor.”

(14.07.2003)

Sheila Campos
Enviado por Sheila Campos em 30/03/2006
Reeditado em 31/03/2006
Código do texto: T130815