SANGRAR DA ALMA

Uno as palavras que pertencem sábias

ao vapor dos meus desejos chocalhados

numa torre de energia no meu interior,

que segura solitário o equilíbrio

da minha mente silenciosamente recolhida,

nas alcunhas que dão nome à minha face fria,

enquanto uma tristeza muda me atira

para uma nuvem de tormenta na montanha,

recebendo de pé o sangrar da alma

diante do arco-íris quebrado pelo murmurar

de uma lágrima que derrama sombras de lama,

vergando severamente a lei da minha vida.

Contemplo a luz do dia numa renovação

da esperança distorcida nos meus braços,

tomando um lugar derrubado por recordações

isoladas nas ruínas de um sorriso perturbado,

por tentações que me torturam de frente

para o sol poente aguardando o ajoelhar da noite

sobre uma rude pintura de solidão.

Rendido às razões

que destroem a minha inocência remendo o tempo,

ferido pelos ventos que não me sopram sorte

e regresso ao caminho onde as fogueiras

queimam os medos ouvindo o diluvio da voz

que cita o meu rumo.