Et Omnia Vanitas
((Tudo é vaidade))
Eu vi quando o espírito
Do pequeno corpo saiu...
Ele estava brilhante,
Com olhinhos radiantes,
Agradecido me sorriu...
Disseram-me:- Sacrifica-o!
Mas eu não sou Deus...
Fiquei bem ao seu lado,
Acompanhando seu estado,
Ouvindo os gemidos seus!
A vida debate-se insistente
Ela luta até o fim...
Continua persistente,
Cena comovente,
Vi aqui, diante de mim...
Eu não poderia...
Seria um desrespeito a vida
Sabia que ele morria...
Interrompê-lo não podia...
Mas a vida não queria ser impedida!
Eu fiquei assistindo
Cada grito de dor...
Não sentia nenhuma pena
Mantive-me serena,
Vibrava apenas amor!
Os espíritos ancestrais
Então se fizeram presente
Disseram que logo em breve
Na passagem do vento leve,
Ele estaria ausente...
Eu não pude mantê-lo vivo
Eu não pude dar-lhe a morte
Ele reagia e não desistia,
Valente insistia...
Escolhendo sua sorte!
A dor excessiva
Logo pararia o coração
Mesmo assim ele reagia
Às vezes se debatia...
Então fiz uma oração!
São tolos os que pensam
Ter domínio e ser mais forte
Ninguém tem o controle da vida
Nem mesmo um suicida...
Ninguém pode dominar a morte!
O que fazer então?
Diante dos percalços do caminho?
Reagir e insistir?
Arrumar uma desculpa? Fugir?
Ou construir o seu destino?
Eu não fui fraca em não sacrificá-lo
Enquanto há vida tudo pode acontecer...
Sou fraca por não imitá-lo...
Por muitas vezes ter me acovardado...
Por muito pouco já quis morrer!
São Paulo, 22 de Novembro de 2008