[Nenhuma notícia diferente no jornal]
 
(I)
 
Nenhum som de rio dentro de casa
nenhuma nova vacina descoberta
nenhuma ponte caída em céu aberto,
nenhum desafio...
 
nenhum sofá vazio
 
nenhum corpo conhecido no
necrotério...
nenhuma capa de "celebridade"
na manchete
na roda de samba nenhum
enredo reescrito
nenhum calor na barriga vazia
nenhum rock romântico nas rádios
nenhum bate coxa sem coxas bambas
nenhuma jabuticaba na beira da
estrada (o previsível)
nenhum tamborilar no pandeiro
 
nenhum sonho profético
no espelho
riscos ...condensados
somente rimas soantes
e toantes fracas
e nas rendas, nos bordados,
nas sombras, nas margens...
nos arabescos poéticos...
talvez um bocadinho de inveja,
muita cerveja
e um ou outro verso bonito
retirado de donos
de cadernos frágeis ou de...
 
histórias
pós o bafo quente
do vapor no chuveiro.
 
rosangela_aliberti


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(II)

Nas velhas correspondências,
o que estaria por lá 
                             escrito?
       
- ....

(ora, nunca se sabe,
talvez não se tenha
nada a dizer respeito
ora, talvez se trate
de confidências dele e dela...)
Nenhuma palavra a mais
nem a menos,
no meio de tanta gente
                         curiosa
            e sonhos de
beijos aguados

o que se distribui gratuitamente
não passa de
          perfume barato?

Rosangela_Aliberti

nov-08
nov-16
Mote oferecido pelas Oficinas de Rascunhos Poéticos

*

(art by Jody Hewgill)