PALAVRAS - POVÃO

As palavras são impregnadas de uma força tremenda. Têm poder, ecoam na alma. Já reparou como elas têm a capacidade de transmitir o que queremos? Ou o que não queremos? O que sentimos, ou o que não sentimos?

Eu simplesmente as amo! Porque elas se dão, se entregam, permitem que as usemos como melhor nos convir! Por isso uso todas, sem preconceitos (e às vezes abuso, confesso). Porque o poeta precisa delas, ele é nada sem elas! Mas sempre que as procuro, vasculho lá no fundo da mente em busca de uma que se encaixe ao meu verso – por mais louco que ele seja – ela surge... chega correndo que nem criança levada e se joga inteira em mim, sem nada pedir em troca! Pelo puro prazer de ser “minha”! E assim, claro, todas me servem! Não há essa ou aquela que eu não use, que julgue indigna de pertencer a um verso meu! Resultado: meus escritos são uma espécie de cruzamento livre de palavras comuns. Palavras- povão – eu diria. Sem qualquer frescura. Meus poemas são meus filhos – e procuro dar a eles o que há de melhor e mais bonito: a simplicidade.

Sei bem que há os que não gostam. Há os que preferem as palavras “clássicas”, as mais nobres e rebuscadas, as sofisticadas, as sóbrias, as “sérias”. As “de elite”. Aquelas... tipo “classe A”. Esses que perdoem meu estilo. Perdoem, por favor, minha ousadia e simplicidade. Porque eu uso qualquer uma, sem distinção:

as comuns, as “bregas”, as “sem finesse”, as “roceiras”, as repetidas... ah, como amo as palavras repetidas! “Amo-te muito, muito”... não é lindo?

Rimar “amor” com “dor”? Não pode? Porque não? É romântico, e todos adoram o romantismo! É ou não é verdade?

Minhas palavras preferidas são as que a mim se entregam, as apaixonadas...

Como me sinto só e angustiada quando procuro desesperadamente por uma na memória e não a encontro! Justamente a que mais faria sentido naquele momento! Onde será que se meteu? – pergunto-me. Que falta está me fazendo! E de repente ela vem... chega e se derrama inteira no meu poema... e pronto! Ele está completo, lindo, brilhante... cheio de vida!

Viu? É simples assim! Simples... como eu!