O AMOR LEMBRADO

Quantos mistérios contem o amor
que faz do homem perdedor voluntário
de sua alma na entrega dos corpos,
quando busca saciar o que nem ele mesmo
compreende, mas que preenche o peito
de um ardor intenso, inquietando a mente,
com algo que nada há de igual para
que se possa comparar?
Serão mistérios de cegueira,
ver-se louco para não ver o que é óbvio?

Um corpo se aproxima e tudo está perdido,
volta-se no tempo e encontra-se o velho menino.
Cheiros memoriais exalam o perfume da saudade
que nunca mais o olfato sentirá,
nem o gosto mais gostoso substituirá
o gozoso paladar do que se provou num certo dia.

Ao amor nada substitui!
Dele, esse amor infindável, retém-se
lembranças eternas no baú do coração,
e um dia, quando não esperamos, só por maldade,
escapolem imagens de momentos que não sabíamos
ter gravado para sempre em nós... 
Suspiros involuntários fecham os olhos. 

Vez por outra penso: será que quando eu morrer
esse amor menino passará em minhas retinas,
como se o melhor dos filmes de Fellini?
Queira Deus que sim.
Divina Reis Jatobá
Enviado por Divina Reis Jatobá em 06/11/2008
Reeditado em 01/02/2009
Código do texto: T1269602
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