Meu Caro Amigo...

Resolvi escrever, o que as palavras não podem dizer,

Decidi admitir os enganos e aceitar um plano insano.

Sei que ainda é cedo, mas já não tenho medo. Eu sei,

Que confio em mim e isso me torna muito mais humano.

A vida é o que pensei, apesar de ter muito pra se viver.

O que você acha? Me diz, ainda há tempo pra ser feliz?

Acho que sim, sempre há um tempo pra quem procura,

Ouvimos que, de todos os males é ele que é a cura.

Então vale a pena arriscar e deixar o tempo passar.

Melhor do que juventude, só mesmo uma mente madura.

Não se engane, adoro ser o alento em sua tarde chuvosa,

Sou lisonjeada, por inspirar assim, os temas de sua prosa.

E mesmo que sua amada, não consiga ser por vezes tão fugaz,

É sobre o corpo dela, que toda a ânsia do seu desejo jaz.

Eu entendo meu lugar e aceito de coração aberto essa sina,

O mundo é injusto, mas isso é bom, porque aí nos ensina,

Que somos os grãos de areia, os insetos presos na teia,

Da aranha venenosa, que por pura diversão nos atrai.

E pouco interessa quem nessa teia tentando fugir se contrai,

Da mesma maneira que os inertes os revoltosos morrerão.

E por mais que nos leve a onda, não deixaremos de ser grão.

Ainda estaremos pouco além do nada que seremos no fim.

A vida é essa, caro amigo, e segue sem pressa. Assim,

Podemos ter um pouco mais de tempo pra sofrer e chorar,

É vitorioso quem passa mais um dia, sem se suicidar.

Acredite que esse tempo que tanto sonhamos vai perecer,

E nas sombras dos nossos enganos é que vamos morrer,

Sem ter conhecido o sabor que pôs água em nossas bocas,

E reclamando ao tempo perdido, apenas carcaças ocas,

Restaram sob um solo árduo, seco, que um dia nos alimentou,

Onde pisamos com firmeza, mas o destino, nosso rastro apagou....

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 05/11/2008
Reeditado em 27/03/2009
Código do texto: T1268071
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