AMANDO A MEU MODO

Quando eu amo, não sou capaz de me igualar a mim;

Transcendo o estopim, velejo por desertos de absolutos relativos;

Sou sujeito sem predicativos, negações insinuadas por um sim;

Mortal projétil de festim, absurdos amparados por motivos!

Eu sigo escoltado por seguras preferências libertárias;

Colho frutas imaginárias, bebo o mel das amarguras insípidas;

Ao som de musicalidades ríspidas, aos pés de inércias várias;

Íntimas ilhas comunitárias, funeral de verdes e secas folhas vívidas!

Sou desses que amam de um modo que o amor ignora;

Mostro dentro o que se vê por fora, viro vitrine dos mistérios;

Escravo no trono dos impérios, timoneiro no leme das horas;

Inimigo das míseras auroras, herdeiro de debutantes dias velhos!

Eu vou amar até depois que ao pó e cinza finalmente retroceder;

A contradição irei contradizer, serei discurso encarnado;

Por meus tropeços abençoado, indiciado por meu querer;

E nunca mais enlouquecer, a ponto de morrer sem ter amado!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 05/11/2008
Reeditado em 03/12/2008
Código do texto: T1267815
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.