AMANDO A MEU MODO
Quando eu amo, não sou capaz de me igualar a mim;
Transcendo o estopim, velejo por desertos de absolutos relativos;
Sou sujeito sem predicativos, negações insinuadas por um sim;
Mortal projétil de festim, absurdos amparados por motivos!
Eu sigo escoltado por seguras preferências libertárias;
Colho frutas imaginárias, bebo o mel das amarguras insípidas;
Ao som de musicalidades ríspidas, aos pés de inércias várias;
Íntimas ilhas comunitárias, funeral de verdes e secas folhas vívidas!
Sou desses que amam de um modo que o amor ignora;
Mostro dentro o que se vê por fora, viro vitrine dos mistérios;
Escravo no trono dos impérios, timoneiro no leme das horas;
Inimigo das míseras auroras, herdeiro de debutantes dias velhos!
Eu vou amar até depois que ao pó e cinza finalmente retroceder;
A contradição irei contradizer, serei discurso encarnado;
Por meus tropeços abençoado, indiciado por meu querer;
E nunca mais enlouquecer, a ponto de morrer sem ter amado!