O OBSERVADOR
Estão pensando que sou facilmente ludibriado;
Mas eu prossigo calado, solenemente observando tudo;
Consciência como escudo, aparentemente desligado;
Trabalhando em meu arado, decidindo o que colher no meu futuro!
Não sou de fácil assimilação, conspiração não me engloba;
Esnobo a ditadura da moda, jamais me afugento do conflito;
Imbuído nesse pacífico atrito, enfrento um século que me ignora;
Vão lançando dentro e eu jogando fora, tentações que eu resisto!
Não tenho luzes sobre mim, e assim de largo eu avanço;
Eles dormem e eu não descanso, lutam com armas e eu com versos;
Sou um estranho nos seus universos, menos um mocambo;
Não sou moeda de escambo, nem mercadoria de seus comércios!
Sei bem tudo que move e que promove toda essa encenação;
Não sou multidão, mas vejo muito além que o sondar mais profundo;
Nem por um segundo eu me permito perder a concentração;
Quem sabe o som de um grão, um dia possa se tornar a voz do mundo?