O OBSERVADOR

Estão pensando que sou facilmente ludibriado;

Mas eu prossigo calado, solenemente observando tudo;

Consciência como escudo, aparentemente desligado;

Trabalhando em meu arado, decidindo o que colher no meu futuro!

Não sou de fácil assimilação, conspiração não me engloba;

Esnobo a ditadura da moda, jamais me afugento do conflito;

Imbuído nesse pacífico atrito, enfrento um século que me ignora;

Vão lançando dentro e eu jogando fora, tentações que eu resisto!

Não tenho luzes sobre mim, e assim de largo eu avanço;

Eles dormem e eu não descanso, lutam com armas e eu com versos;

Sou um estranho nos seus universos, menos um mocambo;

Não sou moeda de escambo, nem mercadoria de seus comércios!

Sei bem tudo que move e que promove toda essa encenação;

Não sou multidão, mas vejo muito além que o sondar mais profundo;

Nem por um segundo eu me permito perder a concentração;

Quem sabe o som de um grão, um dia possa se tornar a voz do mundo?

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 05/11/2008
Reeditado em 03/12/2008
Código do texto: T1267620
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