VIDEO DREAMS
Conta-me a canção
de um amanhã de enledo
o segredo do sexo
a religião dos homens sem credo
Nesse futuro
o contacto é digital
beijo feérico
e mental
Honrar-se-á um Deus
tecnológico
pater families
mas nada fisiológico
Estarás
só e fechado
e assim farás amor
que acaba no orgasmo das baterias
sem êxtase, sem furor
Sexo seguro, indubitavelmente
amantes em discos
obviamente
A solidão
não é aparente
pois as memórias virtuais
não substituem a tua mente
Na rede
viajas pelo infinito
da eternidade inteligível
do teu mito
A caverna de um quarto
e a luz de um écran
apenas o reflexo
o engano é claro, e a realidade vã
O rosto esta sempre ali
disponível de satisfação
fraco consolo
de uma pilha pelo coração
Morfeu cibernético
ou Grande Irmão
efeitos ambos perversos
a razão em decomposição
Vénus
de um anti-lirismo
despido de tudo
teu corpo só, cruz, caminho
Esse futuro nunca chega
apenas languido sentido
as esperanças são nossas
e os sonhos feitos em vídeo
Algures em 1997
Poema vagamente baseado na "Alegoria da Caverna" de Platão
Poema protegido pelos Direitos do Autor