Inscriptum
Jaz em mim esta vontade torpe
De colocar em palavras o que agora sinto,
Prescinto e não concateno.
Hoje sou túmulo frio,
Onde nada, nem germe flui.
Ao meu lado há um enroscar de sons,
Um fustigar o outro,
Mas não é comigo.
Hoje falta-me o sol
Que pouco a pouco perpetra
A fria terra de meus álibis...
Nem mesmo os dedos, frios,
Revolvem ou sulcam insanos
Os ralos cabelos que pouco
Sinto em mim.
Sou túmulo sim...
Presença muda e fria
Neste vasto ressonar de intenções,
Que a todo instante é tocado
Por esta fúnebre querência
De fazer do momento poesia.