MISTERIOSO EU

Eu trago à baila contradições extremamente coerentes;

Traduzo antagonismos condizentes, clareio a noite com sol penumbrante;

Com sobriedade embriagante e extravagância reticente;

Movido por covardia valente, regido por serenidade delirante!

Eu quero induzir sem convencer, usar de incisiva sutileza;

Na imperícia da destreza, no norte que aponta descaminhos;

Agredir com a fúria dos carinhos, desfigurar injetando beleza;

E como pratos sem mesa, ser muitos eus completamente sozinhos!

Peço atenção aos meus despercebidos brados emudecidos;

Meus implementos subtraídos, minha exclusividade genérica;

Compreensão à minha mansidão colérica e meus escombros erguidos;

Meus desinteresses imbuídos e minha paz estérica!

E quem quiser me ver, favor me revirar pelos avessos;

Estou à venda sem preços, estou doando vazios;

Troco meu cérebro por cios, quero infinitos como endereços;

Antes de recordar tudo que esqueço e decifrar os enigmas de meus indícios!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 30/10/2008
Código do texto: T1256727
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