MISTERIOSO EU
Eu trago à baila contradições extremamente coerentes;
Traduzo antagonismos condizentes, clareio a noite com sol penumbrante;
Com sobriedade embriagante e extravagância reticente;
Movido por covardia valente, regido por serenidade delirante!
Eu quero induzir sem convencer, usar de incisiva sutileza;
Na imperícia da destreza, no norte que aponta descaminhos;
Agredir com a fúria dos carinhos, desfigurar injetando beleza;
E como pratos sem mesa, ser muitos eus completamente sozinhos!
Peço atenção aos meus despercebidos brados emudecidos;
Meus implementos subtraídos, minha exclusividade genérica;
Compreensão à minha mansidão colérica e meus escombros erguidos;
Meus desinteresses imbuídos e minha paz estérica!
E quem quiser me ver, favor me revirar pelos avessos;
Estou à venda sem preços, estou doando vazios;
Troco meu cérebro por cios, quero infinitos como endereços;
Antes de recordar tudo que esqueço e decifrar os enigmas de meus indícios!