A SUPREMA TRAIÇÃO
Sei que para alguns é natural colecionar lágrimas em outras faces;
Dizer falácias e nutrir disfarces, se divertir às custas da desilusão;
Esquecem o andar do tempo em contra-mão e as suas fases;
E seus futuros desenlaces, que pagam aos levianos um salário de solidão!
Tal como habilidoso jogador pelos astutos tabuleiros do xadrez;
Assim procede a fria insensatez dos manipuladores sentimentais;
Que gargalham promovendo ais e nunca vaticinam a sua vez;
Cegos por malévola embriaguez, ébrios de sua inconsequência pertinaz!
Mas o pranto que fizeram gotejar, quando lhes alcançar, será dilúvio;
Como vesúvio despertado, lhes queimarão as lavas inúteis do remorso;
E o péssimo negócio do passado será cobrado sem discurso dúbio;
Trazendo desespero e distúrbio, obtendo o desprezo como sócio!
O andar autêntico é pertinente, brincar de amor jamais;
Mesmo quem se julga capaz, verá que não venceu a sua encenação;
Como a primavera é a beleza da feição, melhor é adornar o coração de paz;
Pois quem do alheio sofrer se compraz, a seu próprio ser fere de traição!