A SUPREMA TRAIÇÃO

Sei que para alguns é natural colecionar lágrimas em outras faces;

Dizer falácias e nutrir disfarces, se divertir às custas da desilusão;

Esquecem o andar do tempo em contra-mão e as suas fases;

E seus futuros desenlaces, que pagam aos levianos um salário de solidão!

Tal como habilidoso jogador pelos astutos tabuleiros do xadrez;

Assim procede a fria insensatez dos manipuladores sentimentais;

Que gargalham promovendo ais e nunca vaticinam a sua vez;

Cegos por malévola embriaguez, ébrios de sua inconsequência pertinaz!

Mas o pranto que fizeram gotejar, quando lhes alcançar, será dilúvio;

Como vesúvio despertado, lhes queimarão as lavas inúteis do remorso;

E o péssimo negócio do passado será cobrado sem discurso dúbio;

Trazendo desespero e distúrbio, obtendo o desprezo como sócio!

O andar autêntico é pertinente, brincar de amor jamais;

Mesmo quem se julga capaz, verá que não venceu a sua encenação;

Como a primavera é a beleza da feição, melhor é adornar o coração de paz;

Pois quem do alheio sofrer se compraz, a seu próprio ser fere de traição!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 27/10/2008
Código do texto: T1250957
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