Chuva no litoral.
Vejo pela janela, a neblina,
Que desce da grande serra,
A chuva fria e fina,
Molhando a arenosa terra...
O ar tem um peso distinto,
Quando respiro eu sinto,
Que nada vai mudar.
Ao longe ouço, uma batucada,
Moleques a festejar.
Eles, certamente não tem nada,
Com que se preocupar...
Chove, chove, sem parar,
Já estou pálido,
Onde está o tempo cálido,
De outras estações...
Quando estas monções
Vão terminar?
Vejo pela janela e só por ela,
Lá fora rios de água,
Revoltosos em mágoa,
Amargurando a bela,
Paisagem do litoral.
Enlameados até a canela,
Insistem em vagar, os cães.
Virando as lixeiras,
Pelas beiras, das servidões.
E eu aqui só a observar,
Esperando o sol retomar,
O seu lugar, no céu...
E por um fim neste úmido véu,
Que envolve esta ilha,
Meu alento é o seu olhar,
Sorte, em ti o sol ainda brilha...