APÓCRIFO

APÓCRIFO

A chuva caia fina molhando meu rosto de marfim

O sino tocava doze badaladas anunciando da noite

O fim...

Guardas passavam em apitos se comunicando

Olhavam pra mim como que vendo em vida o desperdício

Mas eu não buscava nada que não fosse meu

Naquela noite eu só queria ser um ato

Daqueles bem dramáticos que se encena em qualquer

Teatro!

Já me senti um evangelho apócrifo

Deixando meus pecados em letras garrafais

Feito crimes de dimensões colossais

Também já me vi santo crucificado

Rei da virtude... Aquele que ama sem pedir

Um baluarte ante- pecado!

No fundo... Sentado numa simples sarjeta

Contando os pingos que da face vertem

Descobri-me apenas um pescador

Discípulo das minhas sombras

Um seguidor de medos

Muitas vezes alma inerte

Noutras apenas um marionete

Demorei vidas pra embarcar nesse trem

Mas agora não sei mais onde parar

Acho que sou como um João de barro

Só que triste por ter asas

E não saber voar

luis lopes
Enviado por luis lopes em 22/10/2008
Reeditado em 22/10/2008
Código do texto: T1242539
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