APÓCRIFO
APÓCRIFO
A chuva caia fina molhando meu rosto de marfim
O sino tocava doze badaladas anunciando da noite
O fim...
Guardas passavam em apitos se comunicando
Olhavam pra mim como que vendo em vida o desperdício
Mas eu não buscava nada que não fosse meu
Naquela noite eu só queria ser um ato
Daqueles bem dramáticos que se encena em qualquer
Teatro!
Já me senti um evangelho apócrifo
Deixando meus pecados em letras garrafais
Feito crimes de dimensões colossais
Também já me vi santo crucificado
Rei da virtude... Aquele que ama sem pedir
Um baluarte ante- pecado!
No fundo... Sentado numa simples sarjeta
Contando os pingos que da face vertem
Descobri-me apenas um pescador
Discípulo das minhas sombras
Um seguidor de medos
Muitas vezes alma inerte
Noutras apenas um marionete
Demorei vidas pra embarcar nesse trem
Mas agora não sei mais onde parar
Acho que sou como um João de barro
Só que triste por ter asas
E não saber voar