PÉS NO CHÃO

As aparências são miragem perigosa;

Ora omitindo os espinhos da rosa, ora iludindo o realismo;

Também costumam camuflar o abismo com uma máscara honrosa;

Vende a vaidade como prosa, mas suas rimas não passam de egoísmo!

Nenhum aplauso vale mais que o valor não avistado;

Aquele que não sobe no tablado e nem serve iguarias para o ego;

Que para com seus limites não é cego, nem se deixa sucumbir deslumbrado;

Que não voa quando honrado e se virar martelo não esquecerá que já foi prego!

Por isso eu sigo firme no reconhecimento de minhas fraquezas;

E ainda que jactâncias me sirvam às mesas, prefiro devorar a minha fome;

Pois tenho origem e um nome, e o próprio chão são minhas altezas;

E se algum dia meu pó se tornarem grandezas, permanecerei singelo homem!

No confronto da simpleza com a presunção, eu já tomei partido;

Pois tenho aprendido que o cristal do caráter, se quebrado não cola;

Se das mangas do orgulho lá fora, muitas cartas têm surgido;

Aqui dentro guardo comigo, recursos humildes, no interior da cartola!

“Perto de meus limites é que eu me sinto mais forte!”

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 20/10/2008
Código do texto: T1238751
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