PÉS NO CHÃO
As aparências são miragem perigosa;
Ora omitindo os espinhos da rosa, ora iludindo o realismo;
Também costumam camuflar o abismo com uma máscara honrosa;
Vende a vaidade como prosa, mas suas rimas não passam de egoísmo!
Nenhum aplauso vale mais que o valor não avistado;
Aquele que não sobe no tablado e nem serve iguarias para o ego;
Que para com seus limites não é cego, nem se deixa sucumbir deslumbrado;
Que não voa quando honrado e se virar martelo não esquecerá que já foi prego!
Por isso eu sigo firme no reconhecimento de minhas fraquezas;
E ainda que jactâncias me sirvam às mesas, prefiro devorar a minha fome;
Pois tenho origem e um nome, e o próprio chão são minhas altezas;
E se algum dia meu pó se tornarem grandezas, permanecerei singelo homem!
No confronto da simpleza com a presunção, eu já tomei partido;
Pois tenho aprendido que o cristal do caráter, se quebrado não cola;
Se das mangas do orgulho lá fora, muitas cartas têm surgido;
Aqui dentro guardo comigo, recursos humildes, no interior da cartola!
“Perto de meus limites é que eu me sinto mais forte!”