florescer
Florescer uma primavera impossível
Cavar a semeadura improvável
Nessa terra aonde deitam as raízes
esquecidas e soterradas
florescer por entre cactos e, em pleno deserto
debaixo da sombra projetada pelo sol inclemente
florescer por entre as lágrimas
seguidas
lavadas,
cáusticas.
Florescer entre pétalas ressecadas
E guardadas num livro sagrado,
Durante um ritual de silêncio
e mistério.
E, depois o perfume
A nos desperta na memória
A primavera dos corações,
de flores radiantes e coloridas.
A essa pérola que é o seu olhar,
desfrutando do vento,
e a refletir repetidamente minha
imagem...
Multiplicada por arestas sinistras.
Dentro de você eu sou mil no mesmo
tempo que sou única.
Lá fora, o vento espalha o pólen
e alergia em minhas narinas
Moinhos imaginários giram
reduzindo o trigo a farelo
imperceptível...
Assim é o que faço com as mágoas,
Viro Quixote
Viro Medeia
Viro Midas
E quando as toco com a vara mágica da poesia
E elas, se transformam em primavera
semântica.
Agora mesmo acabou de desabrochar o
quase lirismo.