florescer

Florescer uma primavera impossível

Cavar a semeadura improvável

Nessa terra aonde deitam as raízes

esquecidas e soterradas

florescer por entre cactos e, em pleno deserto

debaixo da sombra projetada pelo sol inclemente

florescer por entre as lágrimas

seguidas

lavadas,

cáusticas.

Florescer entre pétalas ressecadas

E guardadas num livro sagrado,

Durante um ritual de silêncio

e mistério.

E, depois o perfume

A nos desperta na memória

A primavera dos corações,

de flores radiantes e coloridas.

A essa pérola que é o seu olhar,

desfrutando do vento,

e a refletir repetidamente minha

imagem...

Multiplicada por arestas sinistras.

Dentro de você eu sou mil no mesmo

tempo que sou única.

Lá fora, o vento espalha o pólen

e alergia em minhas narinas

Moinhos imaginários giram

reduzindo o trigo a farelo

imperceptível...

Assim é o que faço com as mágoas,

Viro Quixote

Viro Medeia

Viro Midas

E quando as toco com a vara mágica da poesia

E elas, se transformam em primavera

semântica.

Agora mesmo acabou de desabrochar o

quase lirismo.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 12/10/2008
Código do texto: T1225062
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