Mais um domingo
De solitário recato
De ruas desertas entrevistas
Por uma das janelas
Do outro lado da casa
O Tejo sorri ao fundo
Às nesgas de raro oiro
Céu mármore azul e branco
Lembra que ainda é Inverno
Canta mais alto o canário
O seu sedutor reclamo
Que não chegará ao atento
Ouvido da companheira
E assim se gora a vida
Que pulsa na nossa veia
Solitária. Habituada
À caminhada usual
De casa para o trabalho
E do trabalho para casa
Que se mantém arrumada
Fica-se com a consciência
Do dever – que é penitência
Cumprido de ponta a ponta
E este vazio dentro
Como de quem perde a vida.
Lisboa, 12/3/2006