Chorinho do absurdo
Absurdo
É não ouvir
O surdo da bateria
É não ver o mundo do mudo
Que insiste em mostrar:
Alegria!
Absurdo
É deixar que os curdos
Não tenham escudos
Nem terras, nem etnia
É deixar que os pudicos
Intrusos pudicos
Fortaleçam suas hipocrisias
Absurdo
É não lembrar canudos
É fingir esquecer a inquisição
É estar atrás das grades da tua casa
E não ter a liberdade
Pra bater as asas além do portão
Absurdo
É não conhecer
O dramaturgo Nelson Rodrigues
Nem o poeta contemporâneo:
Wally Salomão
Absurdo
É botar em desuso
O samba de breque
O chorinho
E o samba canção
Absurdo
É aceitar o abuso
De que o mundo muda tudo
Sem mais nem menos...
Sem nos dar a menor satisfação.