FÁBRICA DE CARROS
NOTA: esta poesia reflete os variados sons ouvidos por um operário ao percorrer a linha de montagem de uma indústria de automóveis, e a obra ao mesmo tempo reflete seus pensamentos. Ora o som é sibilante como as máquinas de ar comprimido, ora há sons de impactos como o das máquinas de estamparia. Para melhor resultado, aconselha-se ler em voz alta.
Na linha, a montagem.
Na folha, a contagem.
No coração ele deseja
mais força, coragem, o que seja
pra continuar
a lutar,
a montar,
a contar,
e poder
aprender,
progredir,
e sumir...
Apressando o passo
na selva de aço,
seu destino ele ignora,
como o carro que sai agora.
Nesta floresta,
que detesta,
nada presta,
já não resta
ilusão
nem razão
só frieza
e dureza...
Vida sem sentido,
com ar poluído.
Então por que deve aceitar
mais uma vez aqui voltar?
Para seguir
sem dormir,
sem sentir,
sem sorrir?
Não se vê
o porque.
Isso é mal
social.
No fim da jornada,
de volta à morada,
esse temporal quase eterno
transforma o mundo em inferno.
Mas ao partir
vai ouvir
vai sentir
o sorrir
da amada
que o aguarda
doce, imóvel,
no automóvel.
Pois então,
calmamente,
sorridente,
finalmente,
ele vê
a razão,
o porque.
Tradutor Lázaro
tradutorlazaro@uol.com.br
Para outras poesias minhas veja meu site www.clubelite.com.br