FÁBRICA DE CARROS

NOTA: esta poesia reflete os variados sons ouvidos por um operário ao percorrer a linha de montagem de uma indústria de automóveis, e a obra ao mesmo tempo reflete seus pensamentos. Ora o som é sibilante como as máquinas de ar comprimido, ora há sons de impactos como o das máquinas de estamparia. Para melhor resultado, aconselha-se ler em voz alta.

Na linha, a montagem.

Na folha, a contagem.

No coração ele deseja

mais força, coragem, o que seja

pra continuar

a lutar,

a montar,

a contar,

e poder

aprender,

progredir,

e sumir...

Apressando o passo

na selva de aço,

seu destino ele ignora,

como o carro que sai agora.

Nesta floresta,

que detesta,

nada presta,

já não resta

ilusão

nem razão

só frieza

e dureza...

Vida sem sentido,

com ar poluído.

Então por que deve aceitar

mais uma vez aqui voltar?

Para seguir

sem dormir,

sem sentir,

sem sorrir?

Não se vê

o porque.

Isso é mal

social.

No fim da jornada,

de volta à morada,

esse temporal quase eterno

transforma o mundo em inferno.

Mas ao partir

vai ouvir

vai sentir

o sorrir

da amada

que o aguarda

doce, imóvel,

no automóvel.

Pois então,

calmamente,

sorridente,

finalmente,

ele vê

a razão,

o porque.

Tradutor Lázaro

tradutorlazaro@uol.com.br

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Lazarus Silver
Enviado por Lazarus Silver em 05/10/2008
Código do texto: T1213265
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