MIGRANDO PARA O SUL-REAL
Migrando para o sul-real
Ao contrário do que pensa ou faz a maioria das pessoas, a/o poeta não é tão somente um louco ou um ilusionista das realidades, dos sonhos e das matérias, ela, a/o poeta, não passa de um ser humano que muita das vezes é completamente invadida/o com tantos sentimentos, sensações, desejos, etc. Enfim, ela, a/o poeta, vestisse de tantas cores que chega a esquecer, por algum momento a sua própria cor e cheiro.
A/o poeta nasce, cresce, amadurece, escreve, reproduz-se, envelhece, adoece “porque toda/o poeta precisa de uma doença pra se foder...” Diego Rocha, morrer e eternizar-se, tomando a forma de uma borboletrazul abrindo e fechando suas asas como um “livro bem pequeninho que só ler quem sabe...” Eliana barriga.
A/o poeta é arco-íris, tempestade, todas as estações do ano, é água, pedra, pau, fogo, ar, flor e espinhos... Mas, às vezes o poeta não é ele mesmo, por não saber horas quem é. Isto sim é algo inexplicável da/o poeta.
Ah! Esta/e poeta que vai e vem muita das vezes sem ser percebida/o, uma/um anônima/o qualquer, que vai passando ou pára sem chamar a atenção ou o interesse das pessoas que por ela/e vão passando. A não ser, em caso exclusivamente ulta-extra excepcional, como quando morre, pois é neste momento que a/o poeta é: adorada/o, louvada/, exaltada/o, elogiada/o, venerada/o, lembrada/o, vista/o, conhecida/o, reconhecida/o, penalizada/o, marginalizada/o, criminalizada/o e feliz! Ou não.
Mas, a/o poeta também é doença e cura! E provoca incertas reações e incertas sensações nas pessoas de todas as idades, da/o mais nova/o a/ao mais velha/o comedora/or de sopinha de letras.
Com isso posso afirmar com toda certeza certamente incerta e com toda a minha convicção: que a/o poeta é livremente presa/o entre todas as coisas de todas as realidades ou ilusões que criou ou criaram neste mundo, que é a superfície lisa do cosmo de uma folha de celulose em branco sobre a mesa. Por enquanto!
A/o poeta é uma porra louca/o astronauta que perdeu seu rumo, na tempestade astral de espermas-estrelas cadentes que danificaram sua astronave dourada, perdendo-se no limbo do concebimento humano. Mas, sobreviveu para o conforto e consolo de todas/os. Viva! Viva!
Que tal sentarmos à tardinha de frente pro rio-mar? Esperando o pôr-do-sol e as/os poetas que vão desenhar lindas imagens no vento, numa revoada de versos e palavrões, migrando para o sul-real...
Anna Voegg
Belém, 05-09-08.
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