EQUAÇÕES DA ALMA
EQUAÇÕES DA ALMA
Juliana S. Valis
Deveríamos aprender, com certeza,
A subtrair nossos defeitos e dores,
A dividir os risos e a riqueza,
A multiplicar nossos sonhos e amores,
A somar a paz em chama acesa,
Além de tantos dissabores !
Mas essa não é a matemática do mundo;
Na antipática soma de poder e dinheiro,
A máquina calcula o que não é profundo,
Enquanto o ser humano se perde, por inteiro ?
E na geometria do pranto e do tempo,
Você se pergunta: por que a paz é perdida ?
Nesse grande enigma do sentimento,
Como aprender a matemática da vida ?
E quantas idéias realmente contam
Lá no fundo de todos nós,
Onde todas as emoções se encontram,
Deixando os corações humanamente sós ?
Quantos sonhos abandonamos
Pela estrada rápida dessa vida ?
Quantos momentos imaginamos
Numa simples lágrima perdida ?
Ah, quem nos dera, amigos, desvendar
As inúmeras equações da alma,
Além de toda álgebra incerta e linear,
Apenas no Bem que possivelmente acalma,
Como se a mente fosse o mais profundo mar,
Como se o mundo coubesse, mesmo, em nossa palma !
Mas não nos ensinam bem a matemática da vida,
Apenas nos enchem de muitos números confusos,
Como se algum computador calculasse a dor esquecida
Em muitas pessoas, por motivos difusos.