PREITO A CHOPIN
“Fui examinado pelos três médico mais prestigiados do
Lugar. O primeiro disse que eu estava morto; o segundo,
Que eu estava morrendo; e o terceiro, que eu iria morrer”.
Frederic Chopin (1810-1849)
O poeta viaja no tempo;
Não há distâncias;
A imaginação vagueia.
Recosta-se, ajusta os fones aos ouvidos
Abandona por instante
O mundo real é conduzido
Pela sonora harmonia do artista.
Cerra os olhos, transporta-se
À luz do século dezenove.
O que distante lhe parece,
Próximo se torna.
Viaja no túnel do tempo;
Alcança à Polônia, a Viena, a Paris,
À virtuosidade do artista-gênio do teclado.
Ouve: valsas, noturnos, estudos, fantasias,
De forma suave, sente a alma desligar-se
Desprender-se do carro físico.
Liberta-se sem obstáculos
Penetra no imenso mundo virtual.
Súbito desperta com a sonoridade do marfim
Em contraste com as negras teclas.
Materializa, por instante, o franzino artista,
Cabelos pouco longos, fraque escuro,
Camisa apropriada d´uma época,
Abotoaduras reluzentes nos punhos,
Em mais um recital, exibia-se.
Quantos prazeres, quantas emoções...
Admirado em absoluto silêncio!...
Depara-se, de relance, com damas elegantes,
Saias longas, espartilhos, braços protegidos,
Por mangas alongadas, ricas jóias aos dedos,
Exigências de uma época
Quanto respeito, aparente,
Quanta mesura,
Quanta seriedade havia
Deleitavam-se com a sonoridade do artista...
Por uma deferência virtual,
A cada valsa executada
O poeta atingia o imaginário infinito.
Os noturnos tocavam-no à sensibilidade;
Os estudos e fantasias, emocionavam-no
O poeta num curto espaço de tempo
Retorna com a mente e alma aliviadas.
Sente que a vida é sublime
Resume-se a momentos sensíveis
Causados pela harmonia do imortal Chopin...
Em dado momento reflete:
Da prodigiosidade ao precoce desaparecimento
Trajetória curta, mas a obra persiste.
É um artista imortal;
Não pode ser imitado,
Jamais será esquecido.
Abre os olhos e sente-se realizado
Transpôs a barreiras de séculos
Num curto espaço de tempo
Deixa o virtual vislumbrado
Volta ao real aliviado
Cessação precoce da vida do artista...
Quanto desperdício!...
01 OUT 08
(Nota: Texto revisado)