A SAGA DA MATURIDADE

Tamanha era a afoiteza na subida, que me faltavam forças para tirar vantagem da ladeira;

Muitas vezes por desmedida brincadeira, a vida me deserdou de sérios benefícios;

A infantilidade me apartava de mínimos sacrifícios, que os cabelos brancos fariam ver de outra maneira;

Valores sagrados eram tidos como asneira, investimentos necessários pareciam ser suplícios!

Nos tempos da força bruta, a energia só atendia aos comandos da impulsividade;

Toda revolução tinha status de verdade, a beleza da alma morava na irreverência;

Eram dias de nenhuma paciência e pouquíssima serenidade;

Absoluta carência de personalidade, iludido caráter sem qualquer independência!

O vôo era sempre maior que os limites das asas;

Os hormônios em brasas, trancafiavam os neurônios;

Realidades e sonhos misturavam seu tudo que sempre dava em nada;

Um grande conto de fadas para enfeitar o que julgava serem dias enfadonhos!

Vontade de ser diferente, mas sempre seguindo os rumos da tribo;

Brincando com o perigo, invertendo a razão dos conceitos;

Um super herói de atos perfeitos, em verdade um mal nascido em desabrigo;

Que não conhecia o próprio umbigo, mas se julgava sem falhas e defeitos!

O amor era o grande desastre, faltavam palavras e sobrava ansiedade;

Inexistia o pão do juízo e sobejava o da vaidade, visão de alcance imediatista;

Um carro sem piloto na pista, um surfista nas ondas da insanidade;

Ponderação era pura raridade, toda finalidade era a conquista!

E num piscar de olhos, o turbilhão dessa infância prolongada resolve dizer adeus;

Os tantos desacertos seus, ensinam nossos passos a ter mais qualidade do que tudo que já pôde;

Chega enfim a noite, onde aprendemos: "os vazios dos universos também são meus";

E do jogo tudo que valeu, foi a vontade de ter a força de ontem com o cérebro de hoje!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 22/09/2008
Código do texto: T1191389
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