A SAGA DA MATURIDADE
Tamanha era a afoiteza na subida, que me faltavam forças para tirar vantagem da ladeira;
Muitas vezes por desmedida brincadeira, a vida me deserdou de sérios benefícios;
A infantilidade me apartava de mínimos sacrifícios, que os cabelos brancos fariam ver de outra maneira;
Valores sagrados eram tidos como asneira, investimentos necessários pareciam ser suplícios!
Nos tempos da força bruta, a energia só atendia aos comandos da impulsividade;
Toda revolução tinha status de verdade, a beleza da alma morava na irreverência;
Eram dias de nenhuma paciência e pouquíssima serenidade;
Absoluta carência de personalidade, iludido caráter sem qualquer independência!
O vôo era sempre maior que os limites das asas;
Os hormônios em brasas, trancafiavam os neurônios;
Realidades e sonhos misturavam seu tudo que sempre dava em nada;
Um grande conto de fadas para enfeitar o que julgava serem dias enfadonhos!
Vontade de ser diferente, mas sempre seguindo os rumos da tribo;
Brincando com o perigo, invertendo a razão dos conceitos;
Um super herói de atos perfeitos, em verdade um mal nascido em desabrigo;
Que não conhecia o próprio umbigo, mas se julgava sem falhas e defeitos!
O amor era o grande desastre, faltavam palavras e sobrava ansiedade;
Inexistia o pão do juízo e sobejava o da vaidade, visão de alcance imediatista;
Um carro sem piloto na pista, um surfista nas ondas da insanidade;
Ponderação era pura raridade, toda finalidade era a conquista!
E num piscar de olhos, o turbilhão dessa infância prolongada resolve dizer adeus;
Os tantos desacertos seus, ensinam nossos passos a ter mais qualidade do que tudo que já pôde;
Chega enfim a noite, onde aprendemos: "os vazios dos universos também são meus";
E do jogo tudo que valeu, foi a vontade de ter a força de ontem com o cérebro de hoje!