Poesia de uma manhã de sábado...
O felino que passa baldio
Escorregadio
Pela rua
Pode entrar na poesia
A qualquer momento
O passarinho acrobático
Que voa, voa, voa
Entre muros, sacadas
E telhados
Também pode entrar na poesia...
As nuvens que se movimentam
Rapidamente
O céu que é preto
Que vira cinza
Que vira cobre
Que descobre o azul
As luzes das janelas
Que vão se acendendo
Aleatoriamente
O pombo que caminha pela rua
Solitário
Balançando a cabeça
Procurando uma migalha de pão
Todos podem entrar na poesia
Ou não...
A senhora que faz o café
E que se espreguiça
Estendendo os braços
Sem perceber
Que esta sendo observada
O carro popular que passa
Rompendo o silencio
Despejando fumaça
Inaugurando a manhã
Todos podem entrar na poesia
A qualquer momento
O operário que passa
Pra trabalhar
O guarda noturno
Que vai pra casa
dormir
O caminhão que chega
Pra entregar o leite
Na padaria
Todos podem e estão livres
Pra entrar na poesia
O velho que caminha
Lentamente
Provavelmente
Até uma banca de jornal
O barulho do ar condicionado
De quem ainda dorme
As atletas de fim de semana
Fazendo ginástica na praça
Ninguém esta livre da poesia...
Tudo pode virar poesia...
A poesia com certeza
É o universo mais liberto
E mais cheio de possibilidades
Entre todos os
Que eu já conheci...