Poesia de uma manhã de sábado...

O felino que passa baldio

Escorregadio

Pela rua

Pode entrar na poesia

A qualquer momento

O passarinho acrobático

Que voa, voa, voa

Entre muros, sacadas

E telhados

Também pode entrar na poesia...

As nuvens que se movimentam

Rapidamente

O céu que é preto

Que vira cinza

Que vira cobre

Que descobre o azul

As luzes das janelas

Que vão se acendendo

Aleatoriamente

O pombo que caminha pela rua

Solitário

Balançando a cabeça

Procurando uma migalha de pão

Todos podem entrar na poesia

Ou não...

A senhora que faz o café

E que se espreguiça

Estendendo os braços

Sem perceber

Que esta sendo observada

O carro popular que passa

Rompendo o silencio

Despejando fumaça

Inaugurando a manhã

Todos podem entrar na poesia

A qualquer momento

O operário que passa

Pra trabalhar

O guarda noturno

Que vai pra casa

dormir

O caminhão que chega

Pra entregar o leite

Na padaria

Todos podem e estão livres

Pra entrar na poesia

O velho que caminha

Lentamente

Provavelmente

Até uma banca de jornal

O barulho do ar condicionado

De quem ainda dorme

As atletas de fim de semana

Fazendo ginástica na praça

Ninguém esta livre da poesia...

Tudo pode virar poesia...

A poesia com certeza

É o universo mais liberto

E mais cheio de possibilidades

Entre todos os

Que eu já conheci...

Mathias Moreno
Enviado por Mathias Moreno em 21/09/2008
Reeditado em 23/03/2011
Código do texto: T1188675