FLORES INSONES

FLORES INSONES

Juliana S. Valis

Ao menos, as flores insones da vida

Não guardam rancores nem dores de outrora,

Contemplando os sabores da alma contida,

Entre amores sinceros que o céu nos implora...

Ao menos as flores, amigos, ao menos,

Podem viver do que a paz um dia produz,

Sem contar dinheiro e problemas pequenos,

Podem crescer de verdade e alimentar-se de luz...

Mas nós, o que somos, amigos humanos ?

Somos sombras no séquito do silêncio soturno ?

Somos insones na vida e nos problemas insanos,

Na existência fugaz, no labirinto noturno ?

Mas quando sinto a verdade lá no fundo da alma,

Surge uma estranha inveja das flores insones,

Em suas cores risonhas, o equilíbrio me acalma,

Na pureza infinita sem raiva e sem nomes,

Natureza em pétalas que acariciam a palma !

Pois, ao contrário de nós, as flores insones

Não guardam rancores, nem dores de outrora,

Não procuram poder, dinheiro ou fama de nomes,

Elas apenas refletem a paz que o céu nos implora,

Sem jamais exigirem recompensas infames,

Alegrando o espírito da pessoa que chora.