A salada da vida
A salada da vida
Vou fazer uma salada
de valores e sentimentos.
Peço ajuda de Dona Recordação
e Dona Memória como o vento
me traz as lembrança armazenadas
pelo “cheff”, o senhor Tempo,
guardião de minha história.
Jogo na saladeira do presente
vitórias, comemorações,
um punhado de fracassos
e algumas decepções.
Rego com o choro Recordar
e remexo com a pá da certeza
do voltar a buscar.
Acrescento a alegria, a esperança
e aguço o sabor da confiança
para que nesta salada
permaneça o sabor dos sonhos
que sempre quero experimentar,
pois o sonho complementa
com uma boa dose de expectativa,
a minha salada, fazendo-a viva.
Espalho em todos os cantos,
muito carinho, tranqüilidade,
afetos, verdades
e também um pouquinho de espanto
para que não fique surpresa
com o efeito que ficou,
mesmo quando uma pitada de medo,
na saladeira pingou.
Esparramo muito amor,
resignação e gratidão
para que ninguém perceba
os buraquinhos que fizeram
a maldade e a dor
dos que não sabem temperar,
mas que fizeram questão
destes temperos,
na minha salada jogar.
Do passado, percebi,
no meio da minha salada,
muitos ingredientes joguei
e satisfeita com o resultado fiquei.
A salada está bem temperada
com sabores variados
que um a um experimentei.
A saladeira do presente
tem seu fundo reforçado
pela coragem das mãos
que não deixam escorrer,
pelos dentes dos garfos
a acidez e a podridão
dos que não sabem,
uma salada fazer.
Coloco minha salada
na geladeira do futuro
para que fique conservada
e não venha apodrecer
tudo o que nela adicionei.
Só o coração, nesta salada,
não quis adicionar,
para que ele fique livre
e possa outros temperos buscar.
Deixando-me a liberdade
para que a salada da vida
eu sempre possa renovar.