"Palavras Pintadas"

Eu sou o poeta

Deus das minhas palavras

Faço o que quero com elas

Assim como o pintor

Que faz o que quer com suas telas

Hora posso ser estrela

Deixe de besteira

Posso ser também a lua

O sol... posso ser o soul

O jazz

A rumba,

A macumba

Posso ser essa rua

Que a gente pisa

Posso ser o carnaval

Em Veneza

Em Santa Tereza

Posso ser o coliseu

A torre de pisa

Eu sou o poeta

Que como todo poeta

É Deus de suas próprias palavras

Posso criar uma curva

Mais sutil... No teu corpo

Posso acrescentar um pouco de larva

No meu querer

Posso criar uma chuva

Pra aliviar a seca...da amargura

Posso te trazer com o vento...

Posso acariciar-te com uma luva

Assim como posso te tirar do pensamento

É só acrescentar uns adjetivos

É só inventar umas mentiras

E pronto crio um novo sentimento

Todo poeta é assim

Volátil táctil

Se sente como pintor

Que muda as cores

Quando quer mudar a aquarela

E cria uma aventura

Quando se sente vazio

Cria avenidas. passarelas

Muda a moldura...

Muda sol...

Faz ficar frio

Faz ficar cinzento

Cria mais uma janela

Alimenta mais um argumento

Insere mais uma frase feita

Arremessa no período umas reticências

Deita na rua como se fosse vagabundo

Faz rimas com as fazes da lua

Brinca com o vocabulário

Joga um verbo mais explicito

No assunto

Ser poeta é ser o verso do mundo

E sou poeta

Sou o Deus das minhas palavras

Faço o que quero com elas

Assim como o pintor

Que faz o que bem quer com suas telas!

Mathias Moreno
Enviado por Mathias Moreno em 17/09/2008
Reeditado em 23/03/2011
Código do texto: T1183331