A MORAL DO AMOR

O trovão não faz mensurações de seus abalos;

As ondas não se importam com os estragos de sua varredura;

O fogo pouco caso faz dos graus de sua queimadura;

Um terremoto não alivia seus tremores para evitar estragos!

O mar engole impiedoso até a mais audaz embarcação;

A queda democratiza as massas opostas sob a lei da gravidade;

Doença alguma arrefece por desistir de sua própria intensidade;

O corpo sensual não consegue abdicar de exalar provocação!

O tempo não retém os seus ponteiros para conter nossa velhice;

A chuva não retorna para o alto quando se dá o seu cair;

Quando o desejo é transbordante, fica impossível transigir;

Quando a sapiência não tem sabor, come-se lentilhas de burrice!

Será que amar requer clausuras de valores?

Pensemos nas flores desprovidas de espinhos;

Quem pressupõe ares prisioneiros de corredores?

De tanto no cercar de senhores, morremos escravos sozinhos!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 16/09/2008
Reeditado em 20/01/2009
Código do texto: T1180663
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