EMOÇÕES

Houve um tempo em que eu sorria

E o meu riso era pleno, puro, ingênuo.

Apenas o riso e a vontade de ser feliz.

Era o riso da verdade, das janelas se abrindo,

Da alma se despindo.

Era o riso do agora

Da urgência de ter o mundo

Eu apenas sorria...

Houve um tempo em que eu olhava

Olhava e via cores, movimentos,

Um rio sereno.

Via a vida sem feridas

Sem curativos vãos.

Olhava contemplando o céu banhado de promessas.

Eu apenas olhava...

Houve um tempo em que eu dançava.

O corpo se movia solto, leve, sem o peso das dores.

Movia sem ontem, hoje ou amanhã.

Transcendia na hora, no tempo, no agora

Movia sem rangeres de coluna,

Sem culpa de promessas de dores

Apenas dançava...

Houve um tempo em que minhas mãos tocavam

As pequenas coisas

Acariciavam amando,

Tocavam, sentindo,

Sentiam, vivendo

Mexiam, realizando, ousando

Não olhavam a obra

Iniciavam outra

Apenas tocavam...

Houve um tempo em que eu chorava

Chorava a dor do momento,

O medo da perda,

A alegria da emoção,

Explodia nos sentimentos

Meus olhos apenas choravam...

Hoje o sorriso é urgência de vida

Marca do tempo

Cautela na emoção

Hoje meus olhos olham o amanhã,

A dúvida.

Olham na expectativa do que se foi

Olham e buscam descobrir, marcar

Contemplando a vida

Querendo gravar memórias

Eternizar miudezas vãs.

Hoje meu corpo dança a canção de ontem,

Marcando compasso no ritmo do tempo

Move-se sereno, medindo o som

Escondendo verdades.

Hoje minhas mãos tocam com cautela

Sentem e, às vezes, mentem

Manejam as palavras guardadas

E liberam-nas no branco papel

Manchado de minha história.

Minhas mãos me traem revelando verdades

Que guardo na alma

Conduzindo os botões do teclado,

Eternizando a história

Construindo a minha vida.

E segue...

Rozana Pires

14/09/2008

ZanaPires
Enviado por ZanaPires em 14/09/2008
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