As velhas engrenagens de meu coração
O sol não brilha mais
As velhas engrenagens foram quebradas
Hoje não saio mais de casa.
Todos os edifícios, todas as casas
Todos os bairros, todas as praças foram incinerados.
O tempo desgastado
O corpo quebrado feito porcelana barata
As manhãs são imensas demais para suportar.
Não há mais estradas ou ruas
Não restou nem mesmo uma única esquina.
O mundo é um deserto inóspito e frio
O cansaço em ter o que sobrou de minha alma atado a pesos imensuráveis.
Um grito de desespero guardado para sempre.
Cai a chuva
Morre o dia
Observo as horas que passam
E vejo que nada mais sobreviveu
Só vejo as horas
As horas que observo
As horas que passam sem parar.
O sol...
O sol não brilha mais
Nunca brilhou no meu lado do vale.
As velhas engrenagens foram quebradas antes mesmo de meu surgimento
As velhas engrenagens d meu coração.
Só restaram as velhas engrenagens do relógio
Que fazem as horas passarem sem parar.