O PRISIONEIRO DA LIBERDADE

Eu sou água de rio, que precisa dar abraços irrestritos na imensidão do mar;

Minha estrada é o próprio ar, onde deslizam meus anseios peregrinos;

Tenho a energia de dez meninos, que de um único brinquedo não se detém a brincar;

Até meu ímpar é par, sempre serei pássaro em todos os meus destinos!

Eu não consigo ser a voz de um monólogo, porque a minha história não daria em livro;

Tenho sede superior a todo líquido, tenho fome que não cabe sobre a mesa;

Do anseio predador eu sou presa, só me desfazendo das amarras é que eu encontro alívio;

Sem asas eu não vivo, eu não caibo na geografia, por maior que ela seja!

O meu amor é verdadeiro e o meu corpo é seu refém, servindo ao bem que lhe faz mal;

Porque meu singular é plural, e não consigo aprisionar suas vertentes;

Um só arado não domina minhas sementes, meus muros precisam ir além de meu quintal;

Quando já tenho açúcar eu quero sal, quando desfruto dos iguais quero saborear os diferentes!

Sei que parece transgressão, mas só com liberdade é possível aprisionar meu coração;

Carrego muitos sonhos em cada mão, e tenho pouco tempo para as minhas ilusões;

Não sou colecionador de paixões, mas me permito ao assédio de toda forma de emoção;

Sigo aqui compreendido e ali não, mas sempre fiel às grades de minhas convicções!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 02/09/2008
Código do texto: T1157850
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.