O PRISIONEIRO DA LIBERDADE
Eu sou água de rio, que precisa dar abraços irrestritos na imensidão do mar;
Minha estrada é o próprio ar, onde deslizam meus anseios peregrinos;
Tenho a energia de dez meninos, que de um único brinquedo não se detém a brincar;
Até meu ímpar é par, sempre serei pássaro em todos os meus destinos!
Eu não consigo ser a voz de um monólogo, porque a minha história não daria em livro;
Tenho sede superior a todo líquido, tenho fome que não cabe sobre a mesa;
Do anseio predador eu sou presa, só me desfazendo das amarras é que eu encontro alívio;
Sem asas eu não vivo, eu não caibo na geografia, por maior que ela seja!
O meu amor é verdadeiro e o meu corpo é seu refém, servindo ao bem que lhe faz mal;
Porque meu singular é plural, e não consigo aprisionar suas vertentes;
Um só arado não domina minhas sementes, meus muros precisam ir além de meu quintal;
Quando já tenho açúcar eu quero sal, quando desfruto dos iguais quero saborear os diferentes!
Sei que parece transgressão, mas só com liberdade é possível aprisionar meu coração;
Carrego muitos sonhos em cada mão, e tenho pouco tempo para as minhas ilusões;
Não sou colecionador de paixões, mas me permito ao assédio de toda forma de emoção;
Sigo aqui compreendido e ali não, mas sempre fiel às grades de minhas convicções!