Insatisfação

Meu eu me persegue e eu o ignoro,

ou o deploro, jogo-o as traças,

o mal digo, causo dor, choro,

lembro-lhe todas as falhas.

De certa razão o despojo,

o puno, o castigo,

cobro-o prestígio e o enojo

pelo o que não consigo.

Especulo-o e o culpo,

de vingança o juro,

lhe designo insultos,

mas sempre perjuro.

Porto-me dura, sou insensível,

nenhum rumor de clemência há

pois nenhum seria perceptível.

Por que jamais conseguimos nos agradar?

Camila Trideli
Enviado por Camila Trideli em 23/08/2008
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