Insatisfação
Meu eu me persegue e eu o ignoro,
ou o deploro, jogo-o as traças,
o mal digo, causo dor, choro,
lembro-lhe todas as falhas.
De certa razão o despojo,
o puno, o castigo,
cobro-o prestígio e o enojo
pelo o que não consigo.
Especulo-o e o culpo,
de vingança o juro,
lhe designo insultos,
mas sempre perjuro.
Porto-me dura, sou insensível,
nenhum rumor de clemência há
pois nenhum seria perceptível.
Por que jamais conseguimos nos agradar?