Fernão Capelo Gaivota

Fernão Capelo Gauvota

A vida deveria ser uma celebração!

Se ouvíssemos a voz interior conheceríamos as nossas próprias habilidades despertando os potenciais escondidos dentro de cada um de nós!

A eternidade está a sua frente.

Você é o novo Migrante!

Você não é o corpo

Não é mente.

no mais profundo do ser

Você encontrará seu centro,

Lá estarão suas raízes

Suas asas

somos como os pássaros

Com a mudança das estações

Eles migram para longínqua distancia

O pássaro alma voará

Regressa para o antigo Lar

... Longínqua distancia

A vida perto do desenlaces

Apresenta dificuldades

Acabou-se uma escola outonal

Recomeça a escola primaveral

— Muito bem. Quem são vocês?

— Nós somos do seu bando, Fernão. Somos suas irmãs. — As palavras eram fortes e calmas. — Viemos para levar você para mais alto, para levá-lo para casa.

— Eu não tenho casa. Nem tenho bando. Fui banido. E estamos agora sobrevoando o pico da Grande Montanha do Vento. Já não posso elevar este velho corpo além dumas centenas de metros.

— Você pode, sim, Fernão. Porque aprendeu. Acabou-se uma escola e chegou a hora de começar outra.

O entendimento raiou nesse momento para Fernão Gaivota, tal como o iluminara sempre em toda a sua vida. Tinham razão. Ele PODIA voar mais alto e ERA tempo de ir para casa.

Lançou um último longo olhar pelo céu, por aquela magnífica terra prateada onde aprendera tanto.

— Estou pronto — disse por fim.

E Fernão Capelo Gaivota elevou-se com as duas gaivotas brilhantes como estrelas para desaparecer num céu perfeitamente escuro.

Enquanto se afastava da terra e ultrapassava as nuvens, em formação com as duas gaivotas brilhantes, notou que o seu próprio corpo se tornava tão brilhante como o dela.

Em realidade, era o mesmo Fernão Capelo Gaivota que sempre vivera por detrás dos olhos dourados. Só a forma exterior se modificara.

Era como o corpo de uma gaivota, mas voava muito melhor do que o antigo jamais voara.

"É maravilhoso", pensava ele. "Com metade do esforço consigo o dobro da velocidade, o dobro da eficiência dos meus melhores dias na terra!"

As penas luziam agora num branco radiante e as asas eram lisas e perfeitas como folhas de prata polida. Deliciado, começou a aprender a conhecê-las, a incutir potência a essas novas asas.

A importância de voar é perceber que não somos apenas um amontoado de ossos e penas. “Voamos e desejamos voar cada vez mais alto e melhor, porque somos uma idéia da Grande Gaivota, somos uma idéia de ilimitada liberdade e o paraíso consiste em atingir a perfeição.”

“A única resposta que encontro, Fernão, é que você é um daqueles pássaros que se encontram num milhão. Quase todos nós percorremos um longo caminho. Fomos de um mundo para outro, que era praticamente igual ao primeiro, esquecendo para onde íamos, vivendo o momento presente. Tem alguma idéia de por quantas vidas tivemos de passar até chegarmos a ter a primeira intuição de que há na vida algo mais importante do que comer, ou lutar, ou ter uma posição importante dentro do bando? Mil vidas...dez mil! E depois mais cem até começarmos a aprender que há uma coisa chamada perfeição, e ainda outras cem para nos convencermos de que o nosso objetivo na vida é encontrar essa perfeição e levá-la ao extremo”...

A lembrança da sua vida na terra sumia-se. A terra fora um lugar onde aprendera muito, é certo, mas os pormenores estavam esmaecidos — qualquer coisa como lutar por comida e ser banido.

Durante muito tempo Fernão esqueceu-se do mundo de onde viera, daquele lugar onde o bando vivia com os olhos completamente cerrados à felicidade de voar, usando as asas apenas como um meio de encontrar alimento e lutar por ele. Mas, uma vez ou outra, só por um momento, lembrava-se.

Mas você, Fernão, aprendeu tanto de uma só vez que não teve de passar por mil vidas para chegar a esta.

Chiang, este mundo não é o paraíso, é?

Não, Fernão, não há tal lugar. O paraíso não é um lugar nem um tempo. O paraíso é ser perfeito.

Você começará a se aproximar do paraíso no momento em que alcançar a velocidade perfeita. E isso não é voar a mil e quinhentos quilômetros por hora, nem a um milhão e quinhentos mil, nem voar à velocidade da luz. Porque nenhum número é um limite, e a perfeição não tem limites.

A velocidade perfeita, meu filho, é estar ali.

Desde que você o deseje, pode ir a qualquer lugar e a qualquer momento — disse-lhe o Mais Velho.

— Que me lembre, já fui a todos os lugares e a todos os momentos. — Olhou o mar, pensativo. —

É estranho... As gaivotas que desprezam a perfeição por amor ao movimento não chegam a parte alguma, devagar. As que ignoram o movimento por amor à perfeição chegam a toda parte, instantaneamente. Lembre-se, Fernão, o paraíso não é um lugar nem um tempo, porque lugar e tempo não significam nada.

Para voar à velocidade do pensamento, para onde quer que seja, você deve começar por saber que já chegou...

Esqueça a fé — dizia-lhe Chiang repetidamente. —

Você não precisa de fé para voar; precisou, sim, compreender o que era voar.

Dá certo sempre, quando se sabe o que se está fazendo.

Mas chegou o dia em que Chiang se evaporou. Falara calmamente a todos, exortando-os a nunca deixarem de aprender, de treinar e de lutar por compreenderem cada vez melhor o perfeito e invisível principio de toda a vida. Então, enquanto falava, suas penas foram-se tornando cada vez mais brilhantes, e acabaram por ficar tão brilhantes que nenhuma gaivota o conseguia olhar.

As suas últimas palavras foram para Fernão:

— Continue trabalhando no amor, Fernão

“Se a nossa amizade depende de coisas como o espaço e o tempo, então, quando finalmente ultrapassarmos o espaço e o tempo, teremos destruído a nossa fraternidade”! Mas, ultrapassado o espaço, tudo o que nos resta é Aqui. Ultrapassado o tempo, tudo o que nos resta é Agora.

E entre Aqui e Agora você não crê que poderemos ver-nos uma ou duas vezes?”“.

Marília
Enviado por Marília em 22/08/2008
Reeditado em 27/11/2012
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